segunda-feira, 7 de junho de 2010

Onze

Era uma situação meio conturbada, mas logo todos os redatores já estavam familiarizados comigo. Meu trabalho estava redobrado, mas eu nem precisava me preocupar tanto com meus artigos. Luciana ainda estava em coma mas seu estado já era bem melhor. Mauricio realmente deixara a cidade e com muita facilidade conseguiu entrar para outro jornal local. As coisas iam se arrastando bem, cada vez mais Luiza se distanciava de ser uma presença e se tornara cada vez mais uma lembrança apagada. Ainda não tive tempo de ir ao Café do Paulo e nem de ir caminhar, mas mesmo assim não conseguia me esquecer da situação que se passou com a Camila. Eu sentia que algo de grande potencial poderia surgir dali.
Fim de expediente sem nenhum constragimento. Dirigiria até meu apartamento pensando em comprar um novo carro, já que minha promoção me possibilatava novos investimentos. Eis que para minha surpresa um velho carro habitava a vaga ao lado da minha da garagem do prédio. Aquilo me era muito familiar e uma terrível sensação passou pela minha cabeça. Logo na recepção me deparei com a Cláudia e pela primeira vez senti que ela começava a me agourar, pois toda vez que algo ruim acontecia ela estava por perto...
- Não me diga que é o que estou pensando? Seria muita cara de pau!
Cláudia apenas me fitou com um olhar que afirmava minha pergunta. Parecia que dessa vez ela não queria se envolver na história. Subi as escadas e me dirigi até meu apartamento. A porta já estava destrancada, meu televisor já está ligado no noticiário esportivo e algum ruído vinha de meu quarto.
- O que faz aqui Pai?
- Filho! - disse ele em um tom assobrado deixado minhas correspondências cairem.
- O que você pensa que está fazendo?
- Só queria ter certeza que você estava recebendo minhas cartas. Pois já são meses que te escrevo e não recebo respostas. Falando nisso parabéns pela sua promoção, seu sonho está se tornando cada vez mais...
- Pai, o que você realmente faz aqui? -já estava ficando exaltado.
- Filho, eu... sua mãe está de volta ao país.
Meus olhos não acreditavam no que eu acabava de escutar, minhas lágrimas anestesiavam minha euforia ao tentar entender essa notícia. Não sabia se isso era uma coisa boa ou ruim, mas a saudade que eu sentia dela era maior do que qualquer elemento do passado. Meu interior dava pulos de alegria, mas a coisa parecia ser bem diferente com meu pai.
- Ela está hospedada na capital desde quinta e parece que ela não veio para um reconciliação.
- Preciso ir vê-la o quanto antes...
- ...ela não disse que quer te ver. - disse ele me interrompendo. - Ela veio apenas resolver aquelas velhas questões jurídicas. O processo só conseguiu ser aberto agora.
- Como assim ela não quer me ver? Eu preciso vê-la, não é possível que ela não se lembra que tem um filho?
- A questão é que ela se lembrou que já teve um marido.
Meu pai disse isso e se dirigiu ao quartinho de despensa. Ele já tomou a liberdade de se acomodar assim que chegou. Minha cabeça explodia por saber que eu poderia vê-la depois desse tempo todo, mas as notícias que meu pai traziam não eram nem um pouco animadoras.

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